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terça-feira, 17 de junho de 2014

Artigo Jornal A Tribuna 07.06.2014

A Copa do Amor 

Uma das maiores rivalidades do futebol mundial envolve o Brasil e Argentina. Essa disputa não nasceu nos gramados, e sim, na política, alimentada antes mesmo do nosso descobrimento, com os colonizadores espanhóis e portugueses ao dividirem as terras americanas com o Tratado de Tordesilhas. Posteriormente, tivemos a Guerra Cisplatina, quando os argentinos uniram-se aos uruguaios para conter o avanço do Brasil na região do Rio da Prata. Outro momento de tensão ocorreu na década de 70, durante a construção da Usina de Itaipu. Isso tudo foi superado e os dois países são grandes parceiros comerciais no Mercosul, além de grandes opções de destinos turísticos.            Mas no futebol os cronistas esportivos dos dois países insistem nas comparações entre Pelé e Maradona, Messi e Neymar. Alimentando a rivalidade, talvez apenas para ampliar a audiência. São piadas, trocas de farpas e provocações recíprocas que somente foram reduzidas com a escolha do Papa Francisco. Pela primeira vez os brasileiros ovacionaram e até beijaram as mãos de um argentino que retribuiu com uma simpatia jamais vista.            Com os franceses está ocorrendo fato semelhante. No tempo da colônia os franceses tentaram invadir o Brasil por várias vezes. Depois da Revolução Francesa, seus princípios de igualdade, liberdade e fraternidade influenciaram na nossa independência. No futebol, as estatísticas apontam 13 jogos com o Brasil vencendo 5, empatando 4 e perdendo 4. Em Copas enfrentaram-se 4 vezes, com duas vitórias francesas, uma brasileira e um empate. Os mundiais de 1998 e 2006 estão entalados em nossas gargantas, o Galo literalmente abateu o Canarinho. Agora, tudo parece estar sendo superado com a presença da seleção francesa em Ribeirão Preto.            Progressivamente a cidade começa a se colorir com as cores azul, vermelho e branco. Os dois treinamentos abertos realizados no estádio Santa Cruz reuniram grande público. Maior, aliás, que o registrado em muitos jogos do Campeonato Paulista 2014. Apaixonado por futebol, tietes de todas as idades, caçadores de autógrafos e curiosos de toda ordem comparecem às atividades promovidas pela FIFA, na frente do hotel e no centro de mídia instalado no Palace Hotel. Pela primeira vez, observamos os inúmeros gritos, palavras de incentivo e a tentativa de aproximação de Karim Benzema e seus companheiros em um simples treinamento.            Nesta Copa, até a nossa seleção que se preocupava com a recepção fria dos paulistanos, foi acolhida e acarinhada. No dia dos namorados a estreia contra a Croácia proporcionou a muitos casais a possibilidade de dupla comemoração. Dizem até que: “torcer pela seleção brasileira, ao lado da pessoa amada não tem preço”. O certo é que a demonstração de amor cívico durante a execução do Hino Nacional ficará eternamente marcada.            Após a surpreendente goleada da Holanda sobre a Espanha, tudo poderá acontecer, mas uma coisa que não deve ser esquecida é o espírito do jogo limpo e da integração entre os povos que somente pode ser materializado por intermédio do esporte.            Que este maravilhoso evento transcorra na paz e harmonia. Que os estrangeiros sejam bem recebidos. Que os brasileiros possam aproveitar o legado deixado e que as pessoas aprendam a ser mais tolerantes e que esta Copa seja lembrada como a Copa da Paz e do Amor.