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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Artigo Jornal Tribuna - 24.02.2013

A educação na sociedade do conhecimento

A volta às aulas promove uma alteração em toda cidade. As ruas ficam mais movimentadas com a circulação de milhares de crianças, adolescentes e jovens com suas mochilas e uniformes coloridos.  É momento propício para reflexões sobre os desafios que precisam ser superados. Um deles certamente é a evasão escolar que, apesar de reduzida nos últimos anos, continua com altos indicadores. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de cada 100 alunos matriculados no ensino fundamental, apenas 53 conseguirão concluí-lo. Nas regiões norte e nordeste, os indicadores são piores.  Lá, somente 40% das crianças concluem o ensino fundamental.
Um outro aspecto que merece especial atenção é o modelo. O mundo está em plena mudança e nossas escolas não estão preparadas para uma nova sociedade que evoluiu do modelo agrícola para o industrial e agora vive a plena era da informação e do conhecimento.
Durante séculos a produção industrial ditou o ritmo do mundo e o ideal da realização estava fundamentado na cultura capitalista do ter. A geração e acúmulo de riquezas foram vinculados aos sustentáculos da produção: terra, matéria-prima, energia, capital e trabalho. Estes dois últimos em eterno conflito. Como consequência, nossos alunos foram preparados para serem mão de obra ou pequenas engrenagens nesta cadeia produtiva. No mundo novo estes itens continuam tendo seu valor, mas passam a ser secundários diante do conhecimento.
Atualmente, os ativos ou bens intangíveis, como os direitos de exploração de serviços públicos através de concessão ou permissão, marcas e patentes, softwares, biotecnologia, indústria cultural e do turismo e do fundo de comércio adquirido já representam mais da metade do PIB dos países desenvolvidos.
Toda a cadeia produtiva está sendo deslocada para alcançar produtos de processos e serviços com intensa tecnologia e conhecimento. Basta analisar o que ocorre com o agronegócio em nossa região.
Em todo país, nossos gestores precisam, com urgência, implementar práticas pedagógicas adequadas à realidade dos alunos, valorizar os educadores e incentivar a gestão democrática com a participação de alunos e familiares.
Nossas escolas precisam estimular a reflexão aliada à criatividade. Na era da informática não há espaço para o velho sistema de copiar no caderno lições do quadro, e depois aplicar as técnicas de decoreba. Com o advento da internet tudo ficou muito rápido e fácil e os professores perderam a exclusividade de detentores do conhecimento. Hoje, além do suporte, devem assumir o papel de instigadores da reflexão coletiva.
Parafraseando Ataulfo Alves, como eterno nostálgico tenho “saudades da professorinha, que me ensinou o beabá”, mas tenho a consciência que nossos filhos e netos precisam dominar todas as ferramentas do moderno conhecimento, para não serem novamente dominados.