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domingo, 2 de fevereiro de 2014

ARTIGO JORNAL TRIBUNA NA DATA DE 02/01/2014

O caminho pode ser suave

Minha geração estudou pela famosa Cartilha Caminho Suave, idealizada por Branca Alves de Lima que utilizava o método de alfabetização por imagem. Além da cartilha existiam carimbos, baralhos e outras ferramentas de apoio que nos levavam ao maravilhoso mundo do conhecimento. Os mais jovens devem trazer agradáveis lembranças da Cartilha da Mimi. Naquele tempo, os abnegados professores utilizavam o quadro negro, o giz, as cópias mimeografadas em papel sulfite e principalmente a voz. Falando em voz, até hoje ecoam em meus ouvidos alguns ensinamentos sobre literatura, ciências, estudos sociais e geografia entre outros. As aulas de educação física, os campeonatos internos, os jograis, a fila da sopa e as comemorações cívicas eram momentos que também merecem destaque. Para nós a escola era o templo do saber e os professores eram figuras que mereciam todo respeito e consideração. Havia uma crítica quanto ao excesso de regras e para muitos a escola era muito dura. Passou o tempo e hoje se reclama que a escola está muito “frouxa”. O ensino não foi priorizado pelos governos e pela própria população e a figura do professor foi desvalorizada. Uma das consequências é que recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) aponta que o Brasil aparece em 8° lugar entre os países com maior número de analfabetos adultos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE em 2012, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país. Somente nos últimos anos a educação voltou à ordem do dia e investimentos mais vigorosos começam a ser feitos. A destinação de royalties do petróleo e a elevação dos gastos com ensino para 10% do PIB, como prevê o projeto do Plano Nacional de Educação (PNE) apontam para um novo tempo. O cuidado maior com a educação infantil e anos iniciais e a ampliação do acesso à universidade através das políticas públicas como Enem, Sisu, Fies, ProUni, Cotas ampliam nossas esperanças em um futuro melhor. Ocorre que estamos diante de um grande desafio na rede de ensino, especialmente na pública que é afastar as drogas e a violência da porta e do interior das escolas. Formar, atualizar e remunerar dignamente os professores é outro desafio. Somente educadores preparados podem motivar os alunos integrantes da  “Geração Z”  com sua obstinação pela internet, seu desejo desenfreado de compartilhar arquivos e fatos do cotidiano através de seus telefones móveis, MP3 players e toda parafernalha eletrônica. As diferentes esferas da administração pública precisam garantir aos nossos mestres a possibilidade de utilização da tecnologia na educação não somente com ferramentas digitais, mas também com recursos audiovisuais diversos de fomento tanto do ensino como de pesquisa histórica. Vale registrar que as famosas e volumosas enciclopédias hoje cabem na palma da mão. A geração da informação precisa de um cuidado apurado para que tenha formação. Enquanto, alguns municípios utilizam lousas digitais e os alunos utilizam tablets, em outras faltam cadeiras. Devemos garantir educação gratuita e obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade. Ampliar o acesso e sequência nos estudos dos jovens a partir dos 18 anos, além de ampliar as graduações e pós-graduações. Com educação de qualidade o caminho para a construção de uma nação justa e soberana certamente será mais suave.