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domingo, 22 de setembro de 2013

Artigo Jornal Tribuna - 22.09.13

Capoeira, ferramenta de educação e cidadania

Educação, Esporte, Cultura e Inclusão são itens importantes para o desenvolvimento de um país. Nos últimos anos, os governos destinam considerável parte de seu orçamento para o primeiro, enquanto os demais geralmente recebem as menores dotações nas rubricas financeiras.
Em um mundo que valoriza o individualismo e com crescente globalização impositiva de uma cultura hegemônica se faz necessário a busca de alternativas que valorizem as referências nacionais. Para as novas gerações mais sedentárias e sem vínculos, especialmente culturais, uma pergunta é recorrente. Qual atividade física consegue reunir dança, música, jogo e luta? A resposta é simples. A capoeira!
Presente em mais de 130 países e já começando a receber o status de patrimônio cultural da humanidade, por aqui, no seu nascedouro, a Capoeira sempre foi marginalizada embora em algumas regiões brasileiras seja a única referência positiva da história do povo negro e somente agora com a implementação da Lei nº 10.639/2003, passa a ser valorizada em seu aspecto histórico de lutas pela emancipação e, também reconhecida como ferramenta educativa em ambientes formais e não formais.
Nossa região possui algumas iniciativas, recentemente conheci o Projeto EduCapoeira na cidade de Orlândia onde uma parceria da Secretaria Municipal de Esportes com o Grupo de Capoeira Terra Preta atende dezenas de crianças. As mães são unânimes ao relatarem os benefícios que a atividade trouxe para a vida de seus filhos.
Isto confirma que a capoeira colabora de modo destacado no processo de educação, conscientização e cidadania, também é fundamental para o resgate da identidade cultural e social brasileira possibilitando o contato com nossas raízes e nossa verdadeira história.
Nova pergunta pode surgir. Se a causa é tão importante, porque as ações políticas são tão reduzidas? Várias poderiam ser as respostas, entre elas o racismo institucional ou o conhecimento limitado e envolto em preconceitos e esteriótipos de gestores e até profissionais da educação que resistem em aderir às políticas públicas de inclusão. Certamente, são alguns dos dificultadores para a adesão a projetos e programas que surgem nas mais diversas localidades. A sensibilização dos mesmos é um dos maiores desafios que se apresentam.
Apesar das várias correntes, os mestres, contramestres, professores e capoeiristas em geral sempre demonstram a capacidade de união e luta na missão de manter uma tradição fundamentada basicamente na ancestralidade e oralidade e prometem continuar empenhados na resistência.
Em uma sociedade desesperada por conhecer valores realmente edificantes, creio ser importante destacar uma manifestação sobre a capoeira, feita por Vicente Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha que nos ensina aqui os homens aprendem a ser leais e justos”. Lealdade e justiça são duas qualidades que todos nós deveríamos perseguir e que são fundamentais para a construção de uma sociedade melhor