Capoeira, ferramenta de educação e cidadania
Educação,
Esporte, Cultura e Inclusão são itens importantes para o desenvolvimento de um
país. Nos últimos anos, os governos destinam considerável parte de seu
orçamento para o primeiro, enquanto os demais geralmente recebem as menores
dotações nas rubricas financeiras.
Em um mundo
que valoriza o individualismo e com crescente globalização impositiva de uma
cultura hegemônica se faz necessário a busca de alternativas que valorizem as
referências nacionais. Para as novas gerações mais sedentárias e sem vínculos,
especialmente culturais, uma pergunta é recorrente. Qual atividade física
consegue reunir dança, música, jogo e luta? A resposta é simples. A capoeira!
Presente em
mais de 130 países e já começando a receber o status de patrimônio cultural da
humanidade, por aqui, no seu nascedouro, a Capoeira sempre foi marginalizada
embora em algumas regiões brasileiras seja a
única referência positiva da história do povo negro e somente agora com a
implementação da Lei nº 10.639/2003, passa a ser valorizada em seu aspecto
histórico de lutas pela emancipação e, também reconhecida como ferramenta
educativa em ambientes formais e não formais.
Nossa região possui algumas iniciativas, recentemente
conheci o Projeto EduCapoeira na cidade de Orlândia onde uma parceria da
Secretaria Municipal de Esportes com o Grupo de
Capoeira Terra Preta atende dezenas de crianças. As mães são unânimes ao
relatarem os benefícios que a atividade trouxe para a vida de seus filhos.
Isto confirma que a capoeira colabora de modo
destacado no processo de educação, conscientização e cidadania, também é
fundamental para o resgate da identidade cultural e social brasileira
possibilitando o contato com nossas raízes e nossa verdadeira história.
Nova pergunta pode surgir. Se a causa é tão
importante, porque as ações políticas são tão reduzidas? Várias poderiam ser as
respostas, entre elas o racismo institucional ou o conhecimento limitado e
envolto em preconceitos e esteriótipos de gestores e até profissionais da
educação que resistem em aderir às políticas públicas de inclusão. Certamente,
são alguns dos dificultadores para a adesão a projetos e programas que surgem
nas mais diversas localidades. A sensibilização dos mesmos é um dos maiores
desafios que se apresentam.
Apesar das várias correntes, os mestres,
contramestres, professores e capoeiristas em geral sempre demonstram a
capacidade de união e luta na missão de manter uma tradição fundamentada
basicamente na ancestralidade e oralidade e prometem continuar empenhados na
resistência.
Em uma sociedade desesperada por conhecer valores
realmente edificantes, creio ser importante destacar uma manifestação sobre a capoeira, feita por Vicente Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha que nos
ensina “aqui os homens aprendem
a ser leais e justos”. Lealdade e justiça são duas qualidades
que todos nós deveríamos perseguir e que são fundamentais para a construção de
uma sociedade melhor