O voto feminino
Talvez tenha passado despercebido para muitos que
no dia 24 de fevereiro celebramos 81 anos da edição do Decreto n° 21.076 que
assegurou o direito feminino ao voto. Em uma época em que equivocadamente
campanhas circulam pelas mídias e redes sociais pregando o voto nulo ou a
extinção da obrigatoriedade do voto, é importante dedicarmos alguns instantes
para refletir sobre esta grande conquista.
Na primeira Constituição de 1824, a mulher estava excluída da vida pública e da
vida política. Durante muito tempo a luta feminina foi ganhando força, no
entanto, na Constituição de 1890, novamente este direito foi negado. Durante
aquela assembléia nacional constituinte, em um o congresso formado
exclusivamente por homens, os contrários ao voto feminino posicionaram-se em
sintonia com o pensamento da sociedade reinante de que a mulher era um ser
inferior. Em seus fundamentos destacavam aspectos negativos na formação
biológica e até psicológica da mulher.
Enquanto, as forças reacionárias posicionavam-se em todo o mundo, as mulheres
estavam se mobilizando e começavam a obter êxito. Nos Estados Unidos da
América, o então território do Wyoming foi o pioneiro em 1869, aos poucos
outros estados foram garantindo o direito feminino ao voto. O primeiro país que
efetivamente concedeu este direito foi a Nova Zelândia em 1893. Na Austrália a
vitória chegou em 1902, com algumas restrições. Na Europa o primeiro país foi a
Finlândia em 1906.
A roda da história girou e hoje observamos uma situação totalmente diferente,
onde a mulher ascendeu e começou a ocupar espaços de destaque na economia e na
política mundial. No Brasil, vários municípios já são governados por mulheres e
a força feminina ficou expressa, também, na indicação de ministras de estado e na
eleição de vereadoras, deputadas e senadoras, sendo que o ápice ocorreu com a
eleição de Dilma Roussef como presidenta da república.
Se há 81 anos a mulher não podia votar e também ser votada, na atualidade, a
própria legislação determina a obrigatoriedade da inclusão de um terço de
mulheres na composição das chapas eleitorais. É claro que somente a figuração
na lista não é o suficiente. As mulheres precisam ter a percepção da
importância de eleger mulheres aptas para a representação, bem como eleger
homens compromissados com a causa feminina.
Ao celebrar esta grande vitória, precisamos lembrar que, em outros campos, a
sonhada igualdade de direitos, ainda está distante, notadamente em relação à
violência doméstica que ronda milhões de mulheres.
Esta semana onde o mundo realizará efusivas celebrações pelo dia internacional
da mulher, é uma grande oportunidade para avaliarmos as conquistas e os avanços
das mulheres e nos prepararmos para transformar antigos desafios em novas
vitórias.