Educação para as Relações Étnico-raciais
Nelson Mandela nos ensinou que “Ninguém nasce
odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua
religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a
odiar, podem ser ensinadas a amar.” A frase é bonita e parece simples, mas não
é bem assim. Para aprender é necessário a existência de quem saiba ensinar.
Qualificar profissionais da educação para a implementação de políticas públicas
de combate ao preconceito, discriminação e racismo tem sido um dos maiores
desafios dos últimos anos e agora surgem os primeiros frutos.
Durante
a Etapa Polo de Ribeirão da 1ª Conferência Estadual de Educação para as
Relações Étnico-Raciais - 10 anos da Lei 10.639/2003, foram realizadas
apresentações dos trabalhos desenvolvidos por professores e especialistas de
todos os municípios. A experiência compartilhada por unidades escolares de
Jaboticabal, Monte Alto e Franca, entre outras, demonstram que independente do
tamanho ou do poderio econômico municipal, o que vale mesmo é o envolvimento e
boa vontade de educadores e gestores. A dedicação e empenho demonstrados
serviram como injeção de ânimo para todos e aponta que estamos no caminho
certo.
Para
que o desafio de Mandela se torne realidade, todos os educadores devem envidar
esforços para a construção de uma política educacional fundamentada na
diversidade, grande exercício democrático. Reconhecer a diversidade e situá-la
no contexto político, cultural e histórico nos ajudará a melhor trabalhar o
desenvolvimento sócio-econômico.
Neste
mundo novo, nesta sociedade nova, todos devem possuir direito e condições de
acesso a aprendizagem e ao conhecimento nos mais variados níveis de educação e
para tanto a luta para redução das desigualdades econômicas e das injustiças
sociais, raciais, de orientação e de gênero precisa estar na ordem do dia.
Mandela
chamou o período de apartheid de “extraordinário desastre humano” de onde
deveria nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhará. Ele
destacou o importante papel desempenhado pelo povo e, especialmente, pelas
lideranças democráticas políticas, religiosas, da juventude, do movimento de
mulheres e de diversos setores profissionais.
Depois
de tantos anos no exílio, ele estipulou que sua posse seria o marco do tempo de
iniciar a cura das feridas, a transposição dos abismos e o momento de
construir. Para tanto todos deveriam se comprometer a jamais manter um
semelhante no terrível cativeiro da pobreza, do sofrimento, da discriminação
sexual, das privações e de quaisquer outras. Suas palavras estão presentes em
cartazes, em repartições públicas ou em postagens da internet, mas parece que
passados quase trinta anos, ainda, não ecoaram nos corações de milhões de
pessoas.
A
educação liberta, transforma, inclue e possibilita. Abordar com coragem e qualidade
as diversas questões e conteúdos étnico-racias é sem dúvida alguma um dos
maiores investimentos que os governos devem realizar. Os profissionais da
educação de todas as disciplinas estão sendo convocados a participar desta
mobilização, se omitir seria o mesmo que incentivar a manutenção do país
desigual que experimentamos por aqui e por todo planeta.