A educação na sociedade do conhecimento
A volta às aulas promove uma alteração em toda cidade. As ruas ficam
mais movimentadas com a circulação de milhares de crianças, adolescentes e
jovens com suas mochilas e uniformes coloridos. É momento propício para
reflexões sobre os desafios que precisam ser superados. Um deles certamente é a
evasão escolar que, apesar de reduzida nos últimos anos, continua com altos
indicadores. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de cada 100 alunos matriculados no ensino
fundamental, apenas 53 conseguirão concluí-lo. Nas regiões norte e nordeste, os
indicadores são piores. Lá, somente 40% das crianças concluem o ensino
fundamental.
Um outro aspecto que merece especial atenção é o modelo. O mundo está em
plena mudança e nossas escolas não estão preparadas para uma nova sociedade que
evoluiu do modelo agrícola para o industrial e agora vive a plena era da
informação e do conhecimento.
Durante séculos a produção industrial ditou o ritmo do mundo e o ideal
da realização estava fundamentado na cultura capitalista do ter. A geração e
acúmulo de riquezas foram vinculados aos sustentáculos da produção: terra,
matéria-prima, energia, capital e trabalho. Estes dois últimos em eterno
conflito. Como consequência, nossos alunos foram preparados para serem mão de
obra ou pequenas engrenagens nesta cadeia produtiva. No mundo novo estes itens
continuam tendo seu valor, mas passam a ser secundários diante do conhecimento.
Atualmente, os ativos ou bens intangíveis, como os direitos de
exploração de serviços públicos através de concessão ou permissão, marcas e
patentes, softwares, biotecnologia, indústria cultural e do turismo e do fundo
de comércio adquirido já representam mais da metade do PIB dos países
desenvolvidos.
Toda a cadeia produtiva está sendo deslocada para alcançar produtos de
processos e serviços com intensa tecnologia e conhecimento. Basta analisar o
que ocorre com o agronegócio em nossa região.
Em todo país, nossos gestores precisam, com urgência, implementar
práticas pedagógicas adequadas à realidade dos alunos, valorizar os educadores
e incentivar a gestão democrática com a participação de alunos e familiares.
Nossas escolas precisam estimular a reflexão aliada à criatividade. Na
era da informática não há espaço para o velho sistema de copiar no caderno
lições do quadro, e depois aplicar as técnicas de decoreba. Com o advento da
internet tudo ficou muito rápido e fácil e os professores perderam a
exclusividade de detentores do conhecimento. Hoje, além do suporte, devem
assumir o papel de instigadores da reflexão coletiva.
Parafraseando Ataulfo Alves, como eterno nostálgico
tenho “saudades da professorinha, que me ensinou o beabá”, mas tenho a
consciência que nossos filhos e netos precisam dominar todas as ferramentas do
moderno conhecimento, para não serem novamente dominados.