Feira do Livro Cidadã
A
Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto mudou. Primeiro, em razão da Copa do
Mundo, foi antecipada para o período de 16 a 25 de maio, porque a sua 14ª
Edição altera a programação de grandes shows musicais e apresenta debates temáticos
de extrema relevância. Com o Título “A história em suas mãos”, a proposta é que
todos saiamos da confortável situação de expectadores para a comprometida
atitude de protagonistas.
Nos
livros, no teatro e na música, lemos, olhamos e ouvimos histórias reais ou de ficção
produzidas por outrem. Agora, teremos a oportunidade de efetivamente colaborar
na construção de uma nova sociedade, escrevendo uma bela página que certamente
as gerações futuras reproduzirão em versos e prosa.
Nas
edições anteriores, o desafio da feira era ampliar a venda de livros e formar
uma geração de leitores. Depois, o incentivo aos escritores e vieram os shows musicais
com artistas consagrados. A feira foi crescendo, buscou novos espaços, chegou
aos Estúdios Kaiser, ao Parque Maurílio Biagi e agora ao Morro do São Bento.
Maior
do que o crescimento físico e do número de visitantes, estimado em 600 mil
pessoas, o novo formato certamente será um dos fatores mais relevantes. Durante
as conferências, encontros, mesas e bate-papos com escritores locais e de
destaque nacional e internacional, pesquisadores e líderes de movimentos
sociais serão abordados temas do nosso cotidiano como o direito da criança e do
adolescente, a situação da juventude, a atenção aos idosos, a inclusão e o desenvolvimento
das políticas de igualdade racial, entre outros.
Os
organizadores também elaboraram uma Carta Aberta onde
destacam a luta pela aplicação dos direitos civis consagrados na legislação,
mas distantes da vida do povo. Em uma época onde as pessoas desejam manifestar
sua indignação e onde são realizados vários protestos, muitos deles com
atitudes de violência que não coadunam com a causa, possuir um espaço de debate
democrático e qualificado é algo fantástico.
Colocar o livro e a literatura diante dos novos direitos civis e
dos novos sujeitos sociais do nosso país foi uma ótima sacada. Cabe agora a
todos nós a participação e o apoderamento transformador.
Digna de registro a união de esforços dos organizadores do evento
que conseguiram unificar entidades sociais, empresários, políticos, autoridades
de todas esferas do executivo e do legislativo em torno da feira, experiência
que deve ser imitada em outros setores.
A Feira do Livro 2014 será conhecida como a Feira Cidadã, ela não
acabará no dia 25 e será sim, um marco e referência para outras cidades. A
multiplicidade cultural gratuita e democrática que experimentaremos nesses dez
dias é inspiradora e precisa ser levada a todos os cantos desse nosso país e
quiçá do mundo.