Bolhas de Amor - Síndrome de Alienação Parental
Em vários países, entre os
quais EUA, Austrália, Canadá, Alemanha, Polônia, Suécia, Brasil e África
do Sul, foi realizado no dia 25 de abril o Bubbles of Love Day ou Dia das
Bolhas de Amor, onde pessoas são convidadas a soprar bolhas de sabão por pelo
menos 10 minutos. Um gesto simples, mas repleto de grande significado.
Trata-se de mais uma
estratégia para divulgação e alerta contra um dos males que mais afligem as
famílias no mundo todo, a Síndrome de Alienação Parental – SAP. O termo foi
criado por Richard Gardner, em 1985, para
destacar uma situação onde a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper
os laços afetivos com o outro cônjuge, como consequência cria
ansiedade e até temor do filho em relação ao pai, criando fortes sentimentos de
ansiedade e temor em relação ao outro genitor.
Como
advogado militante na área de família, presencie várias situações semelhantes,
aliás, este é um dos maiores problemas que surgem nos processos de divórcio. O
volume de crianças alienadas é tão alto que justificou a criação da Lei Federal
n° 12.318 de 26 de agosto de 2010 que prevê medidas que vão desde o
acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda
da criança a pais que estiverem alienando os filhos.
Sendo
vereador fui autor da Lei Municipal n° 12.295/2010 que cria
a semana de conscientização sobre o tema. Em 2012 realizamos um grande fórum na
sede da Ordem dos Advogados do Brasil com a presença de advogados, juízes,
promotores, psicólogas, assistentes sociais, pais, enfim, todos os envolvidos
na resolução das graves consequências da SAP. Neste ano a exibição de um filme
e um debate no Cine Clube Cauim marcaram a data.
Atualmente,
existe boa literatura e alguns filmes que ilustram e orientam sobre a SAP, em
fevereiro o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios –
TJDFT sediou o lançamento de um livro escrito por uma assistente social e
quatro pesquisadores. Trata-se do fruto de uma pesquisa baseada em atendimentos
realizados pelo Setor Psicossocial Judiciário das Varas de Família.
Mereceu destaque a fala do presidente do Tribunal, desembargador João de Assis
Mariosi: “o mundo melhor não é o que já passou, nem é o que estamos vivendo: é
o que vamos viver”.
É justamente com a visão no tempo que há
de vir é que as pessoas deveriam refazer suas vidas, possibilitando que seus
ex-companheiros e filhos também o façam.
É importante ressaltar a necessidade de
qualificação dos profissionais envolvidos na temática para que a SAP não seja
banalizada e um dos cônjuges utilize o expediente da falsa denúncia para
imputar crime a outrem. Tal atitude merece a mesma repulsa da destinada a
alienadores. A celeridade e eficiência nas análises e estudos psicossociais é outro
item necessário já que a demora pode colaborar no agravamento da alienação. Os
relatos apresentados por pais e filhos alienados nos dão a dimensão exata do
estrago que a SAP significa em suas vidas.
Embora o termo amor esteja tão
desgastado em nossa sociedade consumista e individualista, ele, ainda, é a
melhor resposta para os males da atualidade. A ausência do amor proporciona a
exclusão, a violência, as guerras e dentro da família não é diferente. A
ruptura de uma relação conjugal não pode servir para o estabelecimento de uma
batalha permanente onde, crianças são usadas como moedas de troca ou como
instrumentos de chantagem ou escape para ressentimentos e recalques.